Alcoolismo e violência

Dia 18 de fevereiro é comemorado o Dia Nacional do Combate ao Alcoolismo. Este dia foi promulgado como uma forma de dar evidência à problemática do excesso de consumo alcóolico, a partir do alerta e conscientização da população sobre seus malefícios, que afetam tanto o indivíduo como a sociedade, destacando a importância da prevenção e do tratamento.

O consumo de bebidas alcóolicas, muitas vezes incentivado como um meio de celebração, pode trazer sérios danos para as pessoas que as consomem e para a própria sociedade, dado os efeitos que o indivíduo gera através de suas ações danosas.

Pastora Pricila Salvador orando por homem embriagado

Como uma forma de participarmos dessa conscientização, queremos trazer aqui alguns dados sobre o alcoolismo no Brasil e especificamente no sertão.

Dados sobre o alcoolismo no Brasil

Foram divulgados pelo IBGE os dados de consumo de álcool e outros parâmetros de saúde da população adulta brasileira, coletados em 2019.

  • Em comparação com a PNS realizada em 2013, houve um aumento do consumo semanal de bebidas alcoólicas em 2019 (de 23,9% para 26%).
  • Isso foi impulsionado principalmente pelas mulheres, cujo indicador passou de 12,9% para 17%, um aumento de 4,1 pontos percentuais no consumo de álcool semanal.
  • 17% dos motoristas brasileiros relataram que já beberam e dirigiram. Como divulgado pelo CISA, essa combinação pode ser fatal, sendo um relevante fator de risco para acidentes no trânsito. Essas prevalências não são homogêneas em toda a federação, assumindo valores mais altos na região norte (23%).
  • Ainda assim, a menor prevalência de “beber e dirigir” foi de 14,8%, observada nas regiões sul e sudeste, o que é muito preocupante, principalmente levando em consideração que, somadas, as regiões abarcam mais da metade da população brasileira.
Homem é amarrado pela esposa por ter chegado bêbado em sua casa no Sítio Pitombeira em Cachoeira dos Índios – PB

Ministério da Saúde também publicou em 2019 os resultados do inquérito da Vigitel – Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico.

  • A publicação indicou que, nas 27 capitais, a frequência de consumo abusivo de álcool nos 30 dias anteriores à pesquisa foi de 18,8%, variando entre 14,2% em Natal e 24,3% em Salvador.
  • Esse padrão é mais frequente em homens (25,3%) e foi mais observado nas capitais Cuiabá (33,1%), Salvador (31,7%) e no Distrito Federal (30,9%).
  • Entre as mulheres, a frequência de consumo abusivo aumentou de 11% em 2018 para 13,3% em 2019, com destaque para as capitais Salvador (18,1%), Rio de Janeiro (17,6%) e Palmas (17,4%).

Um estudo do grupo de pesquisa Álcool, Drogas e Violência da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) avaliou a associação existente entre o consumo de álcool e as mortes violentas na cidade de São Paulo, e sua relação com sexo, idade, causa de morte e concentração de álcool no sangue – chamada de alcoolemia – das vítimas.

  • Em 32% dos casos de mortes decorrentes de acidente de trânsito, a vítima havia ingerido álcool.
  • Em segundo lugar, ficaram os homicídios, com 30,5% das vítimas sob efeito de álcool.
  • A partir da coleta de dados nos arquivos do Instituto de Medicina Legal do Estado de São Paulo, foram identificadas 2.882 vítimas de mortes violentas na capital paulista, no ano de 2015. O álcool foi detectado nas amostras de sangue de 780 vítimas, sendo 27% do total, com concentração média de 1,92 gramas de álcool por litro de sangue.
  • Entre o total de 2.882 vítimas da amostra, o homicídio foi a causa de morte mais prevalente na amostra [1.054 vítimas, ou 37% do total].
  • Os acidentes de trânsito corresponderam a 20% dos casos [581 vítimas].
  • Os suicídios a 15% [427 vítimas].
  • Outras causas de mortes acidentais, tais como quedas, afogamento, eletroplessão, intoxicação, entre outros, corresponderam a 28% dos casos [820 vítimas].

O alcoolismo no sertão

Em 2011 na cidade de Souza no sertão paraibano, o agricultor José Lins de Oliveira, de 50 anos decepou três dedos da esposa depois que ela se negou a ter relações sexuais com o marido. O crime aconteceu no bairro Jardim Brasília. A esposa dele procurou a Polícia para denunciar que o companheiro chegou em casa embriagado e tentou forçá-la a ter relações sexuais com ele. Diante da refeição da mulher, José Lins passou a espancá-la e chegou dar um golpe de facão na mão esquerda dela, decepando três dedos. O marido foi preso em flagrante e levado para a delegacia de Polícia Civil local, onde foi indiciado pelos crimes de tentativa de estupro e lesão corporal. Esse é um dentre muitos outros casos terríveis que ocorrem no sertão. Muitos sem denúncias ou punição.

A ociosidade e falta de perspectivas são fatores que influênciam o consumo exesssivo de álcool.

O Conexão ide atua no sertão nordestino desde 2002, sendo que, a partir de 2007, nos estabelecemos fisicamente e definitivamente no semiárido Paraaíbano e em 2014 no sertão Pernambucano, onde temos nossa base e residência. Nessa região, desenvolvemos regularmente todos os trabalhos de evangelização, assistência, desenvolvimento, e novas oportunidades de atendimentos junto às comunidades rurais e povoados.

Visitas Transformadoras e Vidas Transformadas

Em nossas visitas às casas e comunidades do sertão nordestino, sempre recebemos relatos de alcoolismo nas famílias. Percebemos que este problema tem uma relação íntima com os mais diversos tipos de abusos e violências: abuso sexual, abuso infantil, violência doméstica, violência contra a mulher, homicídios e suicídios.

Ignorar o problema do alcoolismo é ignorar um dos pontos centrais que promovem a violência no sertão nordestino, bem como a desestruturação das famílias. Portanto, atuamos ativamente na conscientização com as famílias e na prevenção com crianças e adolescentes, através de palestras, oficinas, vídeos e aconselhamentos.

Fontes: Lucas Rodrigueiro (Livres), Arquivo Pessoal, G1 e Jornal da Paraíba.

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